A BELEZA COM O PASSAR DO TEMPO

“As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental.” Assim escreveu o poeta Vinícius de Moraes que, em parceria com Tom Jobim, também ressaltou a beleza ao compor Garota de Ipanema. Os versos da canção exaltavam o encanto de uma adolescente que todos os dias, a caminho da praia, passava diante do bar que os dois bebericavam.

Hoje, talvez, uma moça como essa não fosse musa de jovens compositores, uma vez que os padrões de beleza mudam de acordo com as épocas. Essas mudanças geram nas mulheres o desejo de obter um corpo e uma aparência ideal, acompanhando as necessidades e possibilidades de um período que pode ser compreendido com características bem marcantes.

No Brasil, no fim da Segunda Guerra Mundial, quando se destacava a abundância e a fartura, eram as vedetes do teatro rebolado que chamavam as atenções. Elas, quase sempre, exibiam as formas roliças e generosas dentro de minúsculas peças de roupas.

Nos áureos tempos do cinema, cujo apogeu se situou entre as décadas de 1930 e 1950, uma estrela da telona tinha de enquadrar-se nos cânones clássicos de beleza. Eram rostos perfeitos como o de Rita Hayworth e Ava Gardner ou as curvas esculturais de Marilyn Monroe e Brigitte Bardot.

Mas com o crescimento do movimento feminista, que culminou com a queima de sutiãs em praça pública nos anos de 1960, surgiram as magrinhas tipo “tábua”, uma tendência que foi se intensificando nos anos seguintes.

Nos áureos tempos do cinema, cujo apogeu se situou entre as décadas de 1930 e 1950, uma estrela da telona tinha de enquadrar-se nos cânones clássicos de beleza. Eram rostos perfeitos como o de Rita Hayworth e Ava Gardner ou as curvas esculturais de Marilyn Monroe e Brigitte Bardot.”

Essa tendência atingiu seu ápice na década de 1980, com um exacerbado culto à magreza. Foi nessa época que as aulas de aeróbica nas academias de ginástica e a lipoaspiração deslancharam.

Com a chegada da década de 1990, o mundo das passarelas e dos desfiles de moda popularizou-se e ganhou força total, tudo isso devido à glamourização encenada pela mídia. Foi quando as modelos milionárias passaram a ser a inspiração e ícones de beleza para mulheres de todo o mundo, bem como as artistas de tevê brasileiras, que até hoje são consagradas como musas.

Ainda nesse período, outra novidade caiu no gosto feminino, inclusive das brasileiras: as próteses de silicone para seios, antes consideradas cancerígenas e posteriormente liberadas após inúmeras pesquisas.

As mulheres vêm num crescente desejo de ter mamas cada vez maiores. Há uma década, era comum o uso de próteses de mama de tamanho entre 160cc e 200cc. Hoje em dia, raramente coloca-se próteses menores que 240cc.

Como escreveu Vinícius, a beleza continua fundamental. Estar dentro dos padrões de beleza ditados pela sociedade é o desejo, e, na maioria das vezes, o objetivo de vida de muitas pessoas.

Dr. Rodrigo Lacerda

Cirurgião Plástico Especialista pela Sociedade
Brasileira e pelo Conselho Regional
e Federal de Medicina